Eu estava sentado conversando com um desconhecido no Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde ocorria o 7º Grito Rock Mundial, em Goiânia/GO. Alguns skatistas andavam do outro lado e de repente, um deles usou a cúpula(igual a do Senado), que abriga o teatro, como rampa. Observei aquilo impassível, não consegui fazer qualquer julgamento no momento. Estranho.
Rapidamente um guarda veio cobrir o local e evitar que outros skatistas fizessem o mesmo. Então, o desconhecido disse que aquilo – usar a cúpula como rampa – era um desrespeito ao autor do projeto. Como um impulso instintivo, eu discordei. A minha tese foi feita instantâneamente. Defendi que, aquilo era a expressão máxima da arte. O ápica de interação entre homem e obra. Aquele acontecimento refletia toda a luta dos artistias modernistas. Um grande feito mas que não foi capturado. Talvez nunca mais seja refeito.
A arte, tem seu aspecto intangível, quando nos faz refletir sobre a mensagem que a obra quer nos passar e quando observamos como nossos sentimentos reagem à mesma. Essa é a primeira interação, feito pelo olhar e a mente. Uma manifestação espectral, de conceito e emoção.
Quando a arte mostra seu aspecto funcional, quando a obra ganha funcionalidade real. Obra e homem viram um só, pelo toque ou pelo uso diário. Seja naquele prédio construído de linhas abstratas, belas mas que abrigam pessoas em um espaço bem aproveitado. Seja no momento que aquele skatista usou a construção bela e imortal, como rampa.
Melhor ainda é quando esses espaços, que em outros lugares é elitizado(Brasília), abrigam pessoas comuns, minorias e outros normais. Para propagar a cultura e a solidariedade.
A arte é democrática. Em todos os sentidos, literalmente.